Infidelidade Conjugal
A infidelidade conjugal recebe diferentes definições. Para algumas pessoas, essa forma de traição pode ser vista como o ato de desejar sexualmente outra pessoa.
Ainda, há casos em que as pessoas acreditam que a traição está no ato de verbalizar ou conversar com outra pessoa, de forma inadequada. Em geral, as pessoas acreditam que a traição está no contato ou nas relações sexuais com terceiros.
A infidelidade é a ruptura de qualquer compromisso assumido que, em seguida, foi quebrado. Dessa forma, o ato de trair não está focado apenas no comportamento sexual.
Psicólogos e pesquisadores sobre o assunto dividiram a infidelidade em várias categorias. O texto seguinte vai abordar cada um desses tipos.
Vale ressaltar que infidelidade ou traição pode ser visto de forma diferente e essa visão varia de acordo com os cônjuges e com os relacionamentos.
Infidelidade conjugal na Psicologia
O terapeuta de casais Fábio Caló esclarece “A autora Shirley Glass apresentou um artigo, em 2002, que define a infidelidade como o envolvimento secreto, sexual, romântico ou emocional que viola o compromisso de um relacionamento exclusivo”.
A infidelidade pode ser classificada de diferentes formas “A autora parte do entendimento de que a infidelidade pode envolver, apenas o contato sexual, mas pode, também, envolver o plano do desejo, da busca e do interesse com algum tipo de troca. Ainda que seja por mensagens e, até mesmo, uma situação de envolvimento emocional, por exemplo uma coisa construída e sólida. ”, afirmou o especialista.
E vale lembrar que, de acordo com Fábio Caló, todas essas ações, para configurarem uma infidelidade conjugal, devem ir contra uma proposta ou acordo previamente firmado de um relacionamento exclusivo e monogâmico.
Tipos de Infidelidade Conjugal
Infidelidade emocional
As duas principais categorias de infidelidade são: a física e a emocional. A infidelidade emocional pode ser tão prejudicial , quanto a infidelidade física.
A infidelidade emocional é, em alguns casos, devastadora e causa diversos problemas, como baixa autoestima e insegurança.
E, ainda, a infidelidade emocional, normalmente, é o que acarreta a infidelidade física.
Caso de objeto
O parceiro apresenta um comportamento obsessivo em relação à um objeto, uma atividade ou um hobby, o que leva a uma negligência com o relacionamento. Ademais, o equilíbrio saudável de interesses externos é adequado. Porém, quando um dos lados torna esse interesse em uma prioridade máxima, é quando surgem as dificuldades.
Caso cibernético
Nesse caso as ações ocorrem todas virtualmente. Dessa forma, são englobados os atos de sexting, as mensagens de texto, o bate-papo ou a videochamada. Esses atos só são casos cibernéticos quando possuem um contato sexual e sem a presença ou consentimento do cônjuge.
Caso emocional
Nesse tipo, o parceiro se apega emocionalmente com uma pessoa que não é seu cônjuge. Em razão disso, pode passar muito tempo conversando com a outra pessoas, normalmente, sobre coisas as pessoais e os desabafos.
Infidelidade Física
A infidelidade física ou sexual é, geralmente, compreendida como o ato do parceiro ter contato íntimo com outra pessoa sem o consentimento do seu cônjuge.
Na maioria dos casos, a infidelidade física se torna mais grave quando a terceira pessoa é da família ou do círculo de amigos.
Caso Sexual
É quando o parceiro tem relações sexuais fora do casamento. O parceiro pode estar ou não envolvido emocionalmente com o terceiro. A vida sexual saudável é um pilar importante do casamento, e, a maioria das pessoas, acreditam em monogamia ou exclusividade sexual. Desse modo, quando ocorre a infidelidade a confiança do casal fica abalada.
Agentes causadores da infidelidade conjugal
Para o terapeuta comportamental Fábio Caló, “Dentro de uma sociedade monogâmica, há a expectativa de que o acordo, que foi estabelecido claramente pelo cônjuge, tenha um princípio ético da exclusividade para o envolvimento afetivo, sexual, romântico e amoroso.”
No entanto, essa ideia é compreendida em teoria. Segundo o terapeuta “Na prática as pessoas, muitas vezes, se encantam ou nutrem desejo por terceiros, o que pode abalar a relação ou, ainda, gerar uma relação de engajamento que culmina uma infidelidade conjugal”. O especialista Caló explica, também, que essa situação é um mecanismo natural.
O terapeuta explana que diversos teóricos defendem que nós não somos seres naturalmentes monogâmicos. “Para esses teóricos, o ser humano teria uma espécie de “mito” da monogamia. Dessa maneira, há uma base biológica, ou seja, uma predisposição para que os indivíduos se envolvam com outras pessoas, mesmo que eles tivessem, previamente, assumido um compromisso de exclusividade com alguém especial. Podemos dizer que essa é uma base biológica para a traição”, cita Caló.
“Todavia, há os casos patológicos, como o da exacerbação sexual, para homens e para mulheres. Ainda, existe uma história de modelos familiares que envolvem a traição. Em virtude disso, pode haver uma pessoa que aprende conforme o modelo e outra que vai contra o modelo”.
O psicólogo Fábio Caló explica o trecho anterior. “Por exemplo, o homem tem grande vínculo afetivo com o pai. Esse homem não possui uma alta exposição às situações de traição do pai, mas sabe dessas traições. É provável que esse homem, tendo o pai como modelo, repetiria o comportamento de infidelidade”.
Entretanto, o terapeuta elucida que há diversas análises e que a mesma situação, que foi descrita acima, poderia tomar um rumo diferente. De tal forma, que o homem comece a repudiar o comportamento de traição do pai.
Portanto, a aprendizagem é feita por meio dos modelos como uma maneira de formar a concepção ética do indivíduo em relação ao ato de trair. Por conseguinte, tem a influência cultural, como a poligâmica, que pode servir como base para o comportamento do indivíduo.
Como lidar com a traição
Cada pessoa tem uma forma de lidar com a infidelidade. Há pessoas que são capazes de perdoar e outros que preferem romper o relacionamento de forma definitiva.
Em virtude disso, a traição não, obrigatoriament, acarreta em divórcio. Conforme o terapeuta Fábio Caló, “Há uma pesquisa publicada, em 2001, da Goldenberg, que mostra, claramente, que essa ideia é um mito. A pesquisa mostra que, apenas, 30% das relações conjugais terminam após a descoberta da infidelidade”.
No entanto, a infidelidade é um dos principais motivos para as crises e divórcios dentro dos casamentos.
É importante que ambos, dentro da relação, desejem realmente manter o compromisso. Em seguida, o casal deve passar por alguns estágios mais complicados e dolorosos, que, normalmente, envolvem muita mágoa. Ademais, é preciso de maturidade para enfrentar o problema.
De acordo com o terapeuta comportamental Fábio Caló, “Haverá troca de acusações, crises de ansiedade e irritabilidade. Os homens reagem de maneira mais violenta que as mulheres, mas o processo nunca é fácil. A obsessão de esperar outra traição estará sempre lá”.
Por fim, é compreensível que não existe apenas um motivo que justifique a traição. Assim, as insatisfações pessoais não podem ser entendidas como motivação para a infidelidade.
Palestra – Infidelidade Conjugal: o antes, o durante e o depois
No dia 06 de novembro, às 19h 15min, ocorrerá, em Brasília, uma palestra com a presença do palestrante Fábio Caló, que é psicólogo clínico e terapeuta de casais há 20 anos, mestre em Análise do Comportamento pela UnB e diretor do Inpa.
Além disso, a palestra abordará temas como: A monogamia ainda existe? É possível esquecer a traição? Como superar a dor da infidelidade do outro? Por que as pessoas traem?
Por fim, a palestra é gratuita e faz um convite à reflexão sobre o que há no antes, no durante e no depois de acontecer a infidelidade conjugal. Para realizar sua inscrição acesse o link: bit.ly/infidelidade-palestra
Inpa – Instituto de Psicologia Aplicada, Asa Sul, Brasília – DF, Brasil