Isolamento: como evitar a solidão e a depressão neste momento
Os seres humanos são seres sociais. Devido à isso, nossos sistemas do corpo humano, bem como a nossa psiquê , evoluíram para prosperar em redes colaborativas de pessoas – contrapondo o isolamento, certo?
Em muitas sociedades, as redes de contato social tendem a diminuir à medida que as pessoas envelhecem, levando em muitos casos ao isolamento e à solidão inconscientes.
Nós somos uma espécie social. Nossas redes sociais (famílias, amigos, comunidades, grupos e etc.) nos permitiram sobreviver e prosperar. Nossa sobrevivência foi baseada no desenvolvimento evolutivo de comportamentos que envolvem mais de uma pessoa.
Mas, como em todas as características humanas, há variação em nossos comportamentos e necessidades sociais. O fato é que a maioria de nós é psicologicamente e biologicamente “programado” para precisar de outras pessoas e evitar o isolamento.
É lógico que o isolamento social pode impor estresse em nossas mentes e corpos, com um impacto significativo na saúde, ainda mais no momento atual.
No entanto, é difícil estudar esses efeitos e distinguir os impactos do isolamento social e da solidão na saúde, quando condições de saúde pré-existentes, como imobilidade e depressão, podem contribuir para problemas de saúde e aumentar o isolamento e a solidão.
Também é um desafio distinguir isolamento social e solidão um do outro, pois, nem todos que estão isolados estão sozinhos e nem todos que estão sozinhos estão isolados.
Por isso, neste artigo, abordaremos:
- O que é isolamento social;
- O lado bom e o lado ruim do isolamento;
- Quais transtornos psicológicos o isolamento pode provocar?;
- O que fazer para evitar a solidão durante o isolamento?;
- Como evitar os conflitos familiares?;
- Terapia online: um aliado a saúde física e mental;
- A credibilidade Inpa e
- Permita-se viver da melhor forma.
O que é isolamento social?
De maneira direta, isolamento social é o comportamento no qual o indivíduo deixa de participar – voluntariamente ou não, de atividades sociais em grupo.
As causas mais comuns para o isolamento social involuntário são o Transtorno de Ansiedade Social, em que a pessoa é incapaz de lidar com os sintomas de ansiedade que são provocados por contato com outras pessoas e o Estresse Pós-Traumático, onde um trauma psicológico pode levar o indivíduo ao completo isolamento.
A falta de contato ou interação com outros indivíduos se torna mais comum à medida em que ficamos mais velhos, entretanto, devido a pandemia de coronavírus, o isolamento social foi imposto a todas as faixas etárias.
Infelizmente, o isolamento social é geralmente uma condição que desestabiliza nosso psicológico, já que um dos princípios que regem a sociedade é a interação entre os humanos.
Se não tivermos os cuidados necessários, em alguns casos, o isolamento social pode provocar consequências desagradáveis.
O isolamento social no Brasil
No dia 13 de março de 2020, o Ministério da Saúde regulamentou os critérios de isolamento e quarentena que deverão ser aplicados pelas autoridades de saúde local para pacientes com suspeita ou confirmação de infecção por coronavírus no Brasil.
Em março, as primeiras regras entraram em vigor na quinta-feira, dia 12 de março, com a publicação da portaria no Diário Oficial da União (DOU). A medida faz parte das ações para enfrentamento da Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) decorrentes do coronavírus. O objetivo é evitar a dispersão do vírus pelo país.
O documento emitido pelo Ministério da Saúde, traz as especificações para cada uma das ações. Para o isolamento, as medidas de precaução visam conter e separar pessoas que forem classificadas como caso suspeito, confirmado, provável (contato íntimo com caso confirmado), portador sem sintoma e contactante de casos confirmados.
Nesses casos, o isolamento deverá ser em ambiente domiciliar, por um prazo de 14 dias, podendo ser estendido por até igual período dependendo do resultado do exame laboratorial.
O lado bom e o lado ruim do isolamento
Aqui estão alguns exemplos de vantagens e desvantagens do isolamento no período da quarentena, afinal, tudo na vida possui dois lados.
Vantagens
- Saúde preservada
- Aproximação com a família
- Oportunidade de se conhecer melhor
- Chance para organizar pendências
- Bom momento para colocar planos em prática
Desvantagens
- Saudade daqueles que não moram conosco
- Maior probabilidade de desenvolver transtornos psicológicos
- Dificuldade para se adaptar a uma nova rotina
- Interrupção repentina do fluxo das coisas em nossas vidas
- Sensação de impotência e descontrole
Quais transtornos psicológicos o isolamento pode provocar?
Vários indicadores de isolamento social têm sido associados a efeitos negativos, como alguns problemas de saúde.
O cenário em que vivemos hoje, pode nos ajudar a entender melhor as relações das interações sociais e do isolamento social, com a saúde física e mental do ser humano.
Para crianças e adolescentes, por exemplo, o isolamento social pode ser ainda mais sofrido.
Para esse grupo, a escola é a arena social mais importante e a ausência escolar por períodos prolongados resulta em interação limitada com outras crianças e adolescentes.
Devido a isso, algumas crianças podem acabar perdendo completamente sua rede social, e por isso é necessário que os pais auxiliem seus filhos a manter contato com os amigos e parentes.
Para os psicólogos, o principal efeito do isolamento social são os danos causados a saúde mental. Transtornos como ansiedade, fobias, depressão e a sensação de solidão, podem se agravar nesse período, e tornar tudo mais complicado.
Sendo assim, é extremamente recomendado que se faça acompanhamento psicológico e que se reserve alguma parte da semana para fazer psicoterapia, nesse caso, online.
Aqui estão alguns exemplos de transtornos psicológicos que o isolamento pode provocar:
1. Depressão
A depressão é considerada uma das doenças psicológicas mais comuns da contemporaneidade e, levando em consideração a pandemia do novo coronavírus, infelizmente, pode se tornar mais comum ainda.
Sintomas devem ser investigados e quadros já diagnosticados necessitam continuar sendo tratados, sejam com remédios ou somente acompanhados com o terapeuta online
Possivelmente, pessoas que já possuíam um diagnóstico de depressão, seja ele causado por problemas na família, trabalho ou pessoais, poderão ter seu quadro agravado por conta da crise de saúde mundial, já que muitos estão perdendo os empregos, tendo cortes nas suas remunerações e tendo que conviver 24 horas com a família, sem que isso tenha sido planejado anteriormente.
2. Ansiedade
Assim como a depressão, o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), também é uma doença psicológica muito comum.
Por isso, os medos sobre a COVID-19 podem causar danos emocionais, especialmente se você já vive com um transtorno de ansiedade. Para muitas pessoas, a incerteza em torno do coronavírus é a coisa mais difícil de lidar, e como consequência dessa incerteza, surge a ansiedade patológica.
Dessa forma, não sabemos exatamente como seremos impactados ou quão ruins as coisas podem ficar, ainda que já não estejam boas.
Isso contribui para que exista um aumento significativo de pessoas com níveis anormais de ansiedade, e muitas vezes, não diagnosticada por profissionais, já que algumas pessoas não têm conhecimento sobre psicoterapia, terapia online e atividades que ajudam no combate à ansiedade.
3. Efeitos em quem possui claustrofobia
A claustrofobia é uma forma de transtorno de ansiedade, na qual um medo irracional de não ter escapatória ou ser fechado pode levar a um ataque de pânico, ou seja, pode estar relacionado a dois outros transtornos.
Os gatilhos podem incluir estar dentro de um elevador, uma pequena sala sem janelas ou até mesmo estar em um avião.
Já, no contexto em que estamos inseridos, a claustrofobia está relacionada à sensação de estar ‘’preso’’ dentro da própria casa.
O apelo que é feito constantemente pelas autoridades e pela sociedade para que não saiamos de casa pode parecer para alguns uma sentença de prisão, gerando, consequentemente, um quadro de claustrofobia.
4. Estresse Pós-Traumático (TEPT)
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) consiste em reações disfuncionais intensas e desagradáveis que têm início após um evento extremamente traumático.
Muitas pessoas são afetadas de maneira duradoura quando algo terrível acontece. Em alguns casos, os efeitos são tão persistentes e graves que são debilitantes e representam um transtorno.
Normalmente, os eventos mais propensos a causar TEPT são aqueles que invocam sentimentos de medo, desamparo ou horror. Combate em guerra e conflitos armados, agressão sexual e desastres naturais ou provocados pelo homem são causas comuns do TEPT.
No entanto, ele pode ser causado por qualquer experiência avassaladora e possivelmente fatal, como violência física ou um acidente de carro.
No período da quarentena, por causa da pandemia, é muito comum que profissionais da saúde contraiam esse tipo de transtorno, pois vivem uma rotina de trabalho muito pesada, incluindo, infelizmente, algumas perdas.
Como evitar os transtornos psicológicos?
Sendo assim, é necessário refletirmos sobre os efeitos que o isolamento social tem sobre nossas vida.
Analisar aquilo que nos faz bem e aquilo que nos faz mal, é uma atitude que nos ajuda a preservar o benéfico e resolver o desvantajoso, para que assim todos consigam passar por essa fase difícil.
Além de fazer uma boa reflexão, sentar e conversar com nossos familiares sobre o isolamento auxilia a preservar o ambiente em casa bom para todos.
Mesmo sendo a longo prazo e não sabendo quando a pandemia será extinta, manter a calma e seguir as orientações das autoridades de saúde é a melhor maneira de continuar vivendo em isolamento social até que tudo melhore.
O que fazer para evitar a solidão durante o isolamento?
Infelizmente, a solidão pode colocar em risco nossa saúde mental e, por isso, se faz tão importante ser proativo em um momento como este.
Além disso, o isolamento social coloca os indivíduos em maior risco de desenvolver ansiedade e depressão e pode piorar outras condições de saúde mental pré-existentes.
Ainda, o isolamento em andamento e a longo prazo tem o potencial de ser traumático, principalmente para pessoas com histórico de trauma ou diagnóstico passado de TEPT, por exemplo.
Dessa forma, é essencial manter contato com familiares e amigos por meio das redes sociais e das chamas de vídeo.
Interagir com quem está longe é chave para que a solidão não seja mais uma das preocupações que o isolamento social e a pandemia nos trouxe, por isso, não deixe de conversar com outras pessoas e procure estar sempre disponível em estar junto virtualmente com quem te faz bem.
Como evitar os conflitos familiares?
Segundo os profissionais da Psicologia, a quarentena altera a rotina cotidiana e faz com que os papéis normalmente desenvolvidos pelos integrantes da família fiquem restritos.
Um exemplo muito comum, é o do profissional que trabalha em home office e precisa dar atenção aos filhos, ou seja, arcar com as tarefas do trabalho e de casa.
De acordo com os profissionais, quando sobrecarregadas, as pessoas podem acentuar conflitos geracionais. Isso, porque são diversas as demandas para cada um dos integrantes do grupo familiar.
Dessa forma, querendo ou não, a quarentena nos tornou mais próximos do que nunca daqueles que vivem na mesma casa que nós.
Estamos mais próximos fisicamente da nossa família – seja ela de sangue ou não, das pessoas que temos laços afetivos e as quais conhecemos muito bem… ou será que não conhecemos?
Sendo assim, justamente por esse questionamento vir à tona, é que o ‘’lado b’’ do relacionamento com a família surge: os conflitos.
Por isso, como fazer para evitá-los?
Uma boa ideia é que no lugar de transformar a imposição das autoridades em motivo de desconforto emocional, por exemplo, é possível aproveitar a quarentena para reavaliar a vida.
E, também, melhorar o autoconhecimento, instruir-se, reforçar laços sociais e familiares e se divertir com eles.
Ainda, uma das possibilidades é que pensem juntos numa rotina para o momento de confinamento.
Em vez de impor regras de acordo com a hierarquia de cada família, sugerimos resgatar o lúdico por meio de jogos compatíveis com todas as gerações (jogos de tabuleiro são boas opções).
A redistribuição de tarefas domésticas também pode contribuir com a harmonia familiar. Vale transformar o momento do preparo das refeições em um momento de prazer para todos.
De forma que cada um possa contribuir, sugerir, executar de acordo com suas possibilidades etárias e físicas.
Brigas conjugais
A quarentena imposta pelo novo coronavírus levou muitos de nós a passar mais tempo com nossos parceiros(as) como nunca feito antes. Agora, temos que descobrir como trabalhar, nos divertir, cuidar de si mesmos, e simplesmente nos darmos bem enquanto andamos pelos mesmos cômodos o dia inteiro, sete dias por semana . Isso, claramente, pode deteriorar rapidamente até os relacionamentos mais estáveis.
Desse modo, como lidar com as brigas e os conflitos conjugais?
Felizmente, na maioria dos relacionamentos, a infinidade de pequenos bons momentos compensa os maus mais poderosos. E você sempre pode criar mais bons momentos, ainda mais porque estão juntos em casa.
Entretanto, para aqueles casais que não estão sabendo lidar muito bem com a presente constante do outro, acabando por se levar pelas brigas, o melhor caminho é sempre o diálogo.
Sentar para conversar sobre os seus sentimento e escutar as indagações do seu parceiro(a), de forma geral, é a melhor maneira de colocar as coisas no lugar e, aos poucos, evitar que novas discussões voltem a acontecer.
Assim sendo, antes de qualquer coisa, sempre compartilhe suas angústias e seja sincero, procurando fazer isso com carinho e empatia.
Terapia online: um aliado à saúde física e mental
Sem dúvida alguma, esse momento de instabilidade e incerteza que a pandemia trouxe, deixou todos nós com as emoções à flor da pele – sejam elas boas ou ruins.
Por isso, a terapia online é a melhor forma de conseguir enfrentar essa fase difícil, já que a terapia presencial está suspensa por tempo indeterminado.
E como funciona a terapia online?
A terapia on-line, também conhecida como e-terapia, aconselhamento eletrônico, teleterapia ou aconselhamento cibernético, envolve o fornecimento de serviços de saúde mental e suporte remotamente pela Internet.
Por meio das plataformas virtuais e dos aplicativos disponíveis nos smartphones, e contato com o psicoterapeuta é feito pelas vídeo chamadas.
A terapia online possui algumas limitações (principalmente porque depende de uma boa rede de Wi-fi ou dados móveis que funcionam bem), mas, ela está rapidamente se tornando um recurso importante para um número crescente de consumidores.
Existem várias razões pelas quais uma pessoa pode escolher a opção de terapia online, incluindo a conveniência e acessibilidade oferecidas por este método de terapia.
A credibilidade Inpa
Dessa forma, nós, do Inpa, oferecemos a terapia online como uma forma de auxílio neste momento tão difícil.
Assim, você pode escolher o melhor dia e horário para a sua sessão de terapia e permanecer no conforto de sua casa. Aqui, pelo nosso site, você pode entrar em contato conosco e agendar o seu primeiro atendimento com um terapeuta!
Além da saúde física, preze também por sua saúde mental e marque sua consulta.
Permita-se viver da melhor forma
Conclusão: mesmo que os desafios sejam muitos neste período de isolamento, se permita fazer o que te faz bem. Não é necessário ser produtivo e fazer mil coisas todos os dias.
Afinal, mesmo que em casa e às vezes não fazendo nenhuma atividade física que exige muito esforço, os nossos pensamentos nos cansam.
Por isso, permita-se descansar!
Assim, ainda que os dias em isolamento social se arrastem por tempo indeterminado, já que infelizmente ainda não temos a cura para o coronavírus, você conseguirá lidar com mais facilidade com a quarentena se estiver com a saúde mental em dia.
Respire e faça as coisas para o seu próprio bem-estar.
Inpa – Instituto de Psicologia Aplicada, Asa Sul, Brasília – DF, Brasil